Após perder mais de um milhão de euros em subvenções públicas na sequência das legislativas de maio de 2025, o PS prepara-se para ajustar despesas internas e reduzir custos no grupo parlamentar, com medidas que podem incluir rescisões e contenção nas campanhas autárquicas.
Após perder mais de um milhão de euros em subvenções públicas na sequência das legislativas de maio de 2025, o PS prepara-se para ajustar despesas internas e reduzir custos no grupo parlamentar, com medidas que podem incluir rescisões e contenção nas campanhas autárquicas. A redução do número de votos e a consequente perda de 20 mandatos parlamentares representam uma quebra significativa nas receitas do partido, obrigando a novos equilíbrios financeiros.
Segundo apurou a Renascença, a subvenção estatal anual atribuída ao PS caiu para 4,8 milhões de euros, menos cerca de 1,1 milhões face a anos anteriores. Para além disso, o financiamento do grupo parlamentar também sofreu um corte, passando de cerca de 2,1 milhões de euros para 1,6 milhões, devido à diminuição do número de deputados eleitos de 78 para 58. “Vamos ter menos dinheiro para pagar salários”, admitiu à emissora um dirigente da direção socialista.
A situação financeira do grupo parlamentar é apontada como particularmente sensível, com dirigentes a reconhecerem que “pode haver necessidade de rescisões”, uma vez que “onde há secretárias para 120 deputados não há necessidade para 58”. A nova realidade exige que os gastos sejam “mais seletivos” e que se revejam prioridades. A própria utilização da subvenção está limitada por regras legais, que impedem que os fundos sejam totalmente canalizados para salários, deslocações ou outros fins operacionais.
O PS vive atualmente de duas principais fontes de receita: quotas e subvenções públicas. Contudo, a quebra no número de militantes ativos e a estagnação no valor das quotas acentuaram as dificuldades financeiras. “Ou se gasta menos ou se angariam mais receitas através de donativos”, indicou à *Renascença* um membro da direção nacional.
Este cenário de contenção reflete-se também na preparação das campanhas para as autárquicas do outono. A direção do partido pretende aplicar uma política de moderação de despesas, apelando aos candidatos para que sejam conservadores nos orçamentos das campanhas. Apesar disso, dirigentes locais apontam já para dificuldades operacionais e verbas insuficientes, indicando que muitas candidaturas “já receberam muito abaixo do necessário”.
A estimativa de apoio financeiro às campanhas autárquicas baseia-se nos resultados das eleições de 2021 e nas legislativas de 2024. No entanto, os responsáveis do partido admitem que essa ponderação está desatualizada face ao crescimento do Chega nas mais recentes legislativas, o que pode impactar o apoio a nível local.
Com este novo contexto, a direção do PS procura encontrar soluções internas para reorganizar o partido sem comprometer a sua capacidade de intervenção política e eleitoral. Entretanto, foi já marcado para os dias 27 e 28 de junho o ato eleitoral para escolha do novo secretário-geral do partido, sucedendo a Pedro Nuno Santos.