1-instituição maiata. em mil novecentos e setenta e cinco. freguesia de águas santas. um grupo de jovens assalta um palacete devoluto. estávamos na era das ocupações para o bem público. tudo que estava inativo em matéria de habitação dava lugar a ser ativado. eram bons tempos onde muitas casas passaram para famílias que viviam na rua. ou em barracas o que era o mesmo. outras casas maiores. palacetes melhor. com grandes quintas eram ocupados. sempre para fins sociais de apoio às comunidades. dizem que existiu exagero. não considero. houve foi que dizer a quem possuía meios e os tinha encaixotado que a fome de ser humano grassava. tínhamos liberdade. mas não os jardins-de-infância de hoje. mas não as escolas de hoje. mas não os hospitais de hoje. estávamos muito piores. os mais ricos esses tinham tudo. os trabalhadores pouco. mas mesmo muito pouco. a diferença entre ricos e pobres era muito acentuada. que o digam os regedores que era quem dizia se era pobre. ou remediado. passavam os atestados de pobreza. o regedor mandava no lugar onde se vivia. normalmente tinha casa aberta. era um comerciante. sapateiro de preferência. por isso quando a liberdade chegou o povo português fez uma festa. vai daí deu bom uso àquilo que não tinha uso. acabou com uma guerra colonial. também fez pelo seu país. e deu o uso devido a tudo que não tivesse uso. afinal uma revolução mesmo de cravos não deixa tudo na mesma.
2- não morava na maia. mas em vila nova de gaia. o processo do amanhã de criança foi contado pelo meu amigo josé manuel. Sim o zé manel. tomou ele e outros conta do palacete e quinta em água santas. onde agora é o amanhã da criança. o zé manel é um empreendedor bem sucedido. possui várias empresas. foi presidente da comissão concelhia da maia do partido socialista. por vários anos. tive a felicidade de privar com ele nessa estrutura também por vários anos. sempre afável. nem sempre compreendido. mas uma fome imensa pela verdade. gosta de fazer o bem. uma vez depois de uma reunião da comissão política. melhor do seu secretariado. já era muito tarde. por volta das quatro da manhã viu o seu carro destruído. por quem. não se sabe. um dia contarei esta história. mas o zé manel foi um dos que tomou o palacete. e desde então tem sido o presidente da direção do amanhã da criança.
3.- o zé manel deu toda a sua vida pelo projeto amanhã da criança. gastava mais tempo no amanhã da criança do que nas suas empresas. por isso tem sido eleito consecutivamente presidente da direção. muitos governos prometeram ajuda financeira a esta obra. poucos cumpriram. é verdade que o que menos cumpriu foi o partido socialista. o amanhã da criança cresceu muito. pagou aos proprietários o palacete quando estes apareceram. agora tem centenas de crianças. e de jovens. e de menos jovens. um jardim muito bonito. equipas desportivas. dizia o zé manel que enquanto andavam no desporto não o faziam na droga. milhares de crianças já passaram por lá. contaram com o zé manel e direções respetivas. apesar de o zé manel ter sido vereador da camara desta nunca obteve muitas ajudas.
4.- agora o amanhã da criança também tem outros voos. compreendendo que a criança somos todos nós existe o projeto de hospital de continuados. as obras já começaram há anos. andam devagar porque apoios não são muitos. a vida do zé manel confunde-se com o amanhã da criança que sempre foi o hoje de todos. o amanhã da criança também tem uma capela. já existia na quinta. degradada foi restaurada. tudo ao pormenor. animais também por lá existem. para consolo de todos. crianças. jovens. menos jovens. todos compreendem a obra fundamental que é o amanhã da criança. o que aqui se diz é apenas uma pequena parte da vida do amanhã da criança. não ficaria bem se não lembrasse o tavares. o tavares foi presidente da assembleia geral. depois morreu. todos nos lembramos dele. também grande testemunho humano deu. estava sempre com o zé manel. foi muito rápida a sua morte. de um momento para o outro. ficamos doridos com o que aconteceu. mas deixou marcas no amanhã da criança. o amanhã da criança conquista de jovens pelo bem comum. nunca é de mais lembrar e estar com esta organização voluntária ao serviços dos homens e das mulheres do nosso país.
Joaquim Armindo
Doutorando em ecologia e saúde ocupacional
Mestre em gestão da qualidade
Diácono da diocese do Porto