Falamos com o maiato Guilherme “Glermz “ Fernandes, um jogador que faz diretos no Twitch, vistos por uma audiência espalhada por dezenas de países.
Guilherme Fernandes tem 28 Anos. É formado em turismo e foi, durante os últimos quatro anos agente de um operador turístico. Mais recentemente começou uma nova aventura no mundo dos “amenities” e hotelaria.
“Glermz” é o seu alterego, o nickname pelo qual é identificado no mundo da internet e mais concretamente no mundo dos videojogos. Quando começou a fazer Stream de jogos achava que o seu público seria Português ou de língua Portuguesa, mas para sua surpresa “teve impacto em diversos países”. Afirma que desde sempre, tanto as novas tecnologias como os videojogos fizeram parte da sua vida. Começou com a Mega Drive do irmão mais velho, mais tarde a jogar no PC dele e com o passar do tempo nas suas próprias consolas (PSX, PS2, etc.) e no PC. “Os videojogos, de PC e consolas, sempre estiveram presentes na minha vida”, afirma.
NM: Já quase todos ouviram falar do Youtube. O que é então o Twitch?
GF: Bem, é verdade que existem algumas semelhanças, mas são plataformas de produção e divulgação de conteúdos bem diferentes, bem como a interação com o público. A melhor forma de explicar é usando o exemplo da televisão. Produzir conteúdos para o YouTube é como ter um canal de televisão, faz-se uma programação, produzem-se e editam-se conteúdos que são disponibilizados para quem vê o canal. O Twitch é aquele programa de televisão que é em direto e gravado ao vivo. É espontâneo, direto, em tempo real e privilegia a interação com o público do canal que não só assiste à programação como interage e conversa com o streamer ou até entre eles. Acaba quase por ser uma sala de convívio cheia de pessoas que partilham a mesma experiência e interesses, sendo fãs de algum jogo em especial ou do próprio streamer. Ambas as plataformas são ferramentas fantásticas e que estão a mudar o mundo, proporcionando às mentes criativas tudo o que necessitam para fazerem os seus programas e darem-se a conhecer sem barreiras.
Para suporte dos criadores de conteúdos online também apostam em vertentes diferentes, o YouTube foca-se na publicidade (como os canais de televisão), enquanto o Twitch cria um sistema de subscrições e doações para que os fãs de um streamer o possam apoiar e dar-lhe ferramentas, bem como incentivo, para continuar a fazer mais e melhores conteúdos. O que acaba por ser uma melhor forma, tanto que os YouTubers começaram a aderir ao Patreon para emular esse sistema de subscrição e doação. Outra das grandes diferenças é que, apesar de ambas conterem todo o tipo de conteúdos, o Twitch acaba por ser o gigante, neste momento, no que toca a nível de videojogos.
NM: Qual a popularidade do Twitch em Portugal e quem o usa?
GF: A popularidade do Twitch em Portugal tem vindo a aumentar, especialmente porque alguns dos grandes Youtubers Portugueses têm começado a utilizar a plataforma. Quando eu comecei a fazer diretos no Twitch, há 4 anos atrás, a plataforma era praticamente desconhecida cá em Portugal, mas hoje começa a ter o seu impacto.
NM: O que procura o público no teu canal?
GF: Eu sou aquilo que se chama no jargão do meio um variety streamer. Ou seja, eu não me dedico a um só jogo ou a um só estilo, nem sequer exclusivamente a videojogos. Como qualquer gamer gosto de AAA Games (termo utilizado para as mega produções e jogos de topo) como Red Dead Redemption, Spider-Man, God of War 4, FIFA, NHL, etc. No entanto considero-me um gamer extremamente eclético e ao longo destes anos tenho vindo a descobrir que os estúdios independentes (os chamados Indie Games) podem ter a mesma qualidade e proporcionar o mesmo divertimento e preencher os mesmos requisitos que os Triple A Games. A nível de estilo, ou categorias se preferirem, foco-me muito em jogos que estimulam a criatividade, descoberta e exploração.
Com a crescente adesão do público e o aumento dos viewers e subscritores foi criada uma comunidade que obteve o nome de “Social Club” que inclui todos os que me veem e apoiam. Uma das vantagens desta comunidade é terem ao seu dispor servidores, propriedade do Social Club, onde podem jogar juntos ou comigo incluído. As pessoas que me veem e apoiam procuram essencialmente alguém bem-disposto, com energia, com humor e que jogue jogos fora do mainstream e principalmente imersão nos jogos e sentido de comunidade. Este tem sido um dos meus pontos fortes. Por vezes faço também streams sem jogos, as chamadas “Social Club Nights” em que simplesmente estou com a minha comunidade a conversar, interagir, fazer desafios, comer, etc. como se estivéssemos juntos num clube físico.
A nível pessoal, se há coisa que me tem realizado, e até deslumbrado, tem sido a variedade de pessoas, personalidades, nacionalidades e idades das pessoas que me vêem e que aderem à minha comunidade. A comunidade cresceu literalmente dos 7 aos 77 e foi fascinante descobrir que tenho subscritores das novas gerações bem como pais e avós que gostam de me seguir. Ter subscritores de dezenas de países diferentes, bem como de todos os continentes foi igualmente enriquecedor e uma experiência única juntar e conviver com tantas culturas e nacionalidades diferentes. Para além da Twitch, tenho igualmente um servidor no Discord, discord.gg/glermz, que é uma aplicação que serve de suporte a YouTubers e Twitch Streamers, que permite divulgar conteúdos, juntar toda a comunidade, interagir, conversar, etc. JL