O Santa Joana conquistou a subida à 1ª divisão de andebol feminino e, apesar de recém-chegado à alta competição, garante que agora é para ficar.
O Núcleo Desportivo Santa Joana conquistou a subida à 1ª Divisão de Andebol Feminino em Portugal. Uma subida que, apesar de desejada, foi antes trabalhada para que não durasse apenas um ano.
Sérgio Cruz é o presidente ao leme deste emblema há cerca de três anos. Também ele ex-atleta de andebol, a sua história cruza-se com a do clube há cerca de sete anos, quando a filha quis começar a treinar. Anos mais tarde, acabou por aceitar construir uma renovada direção onde o objetivo inicial foi cimentar as bases. Agora, o trabalho levou-os até à mais alta competição de andebol feminino em Portugal.
O NOTÍCIAS MAIA foi conhecer a história deste clube maiato recém-promovido e compreender o trajeto e objetivos destes 30 anos de vida.
Notícias Maia (NM): Como é que começa a história do Santa Joana?
Sérgio Cruz (SC): Este clube nasce em 1990, curiosamente num colégio em Ermesinde, o colégio Santa Joana. Segundo nos contam, havia uma equipa de andebol de meninas que, pelos vistos, tinha muito jeito para a modalidade. Então decidiram fazer um clube e foram ganhando alguns torneios entre escolas. Alguns anos depois, o professor Vieira de Carvalho, com a visão que tinha em termos de desporto, convenceu estas pessoas a virem para a Maia para ter um clube de andebol feminino.
NM: Quais são as grandes apostas desta direção?
SC: Antes de chegarmos, há três anos, eu diria que o clube estava perto de uma encruzilhada e tínhamos que definir ali um rumo. Era preciso reformular o clube, criar procedimentos. Depois, foi apostar forte na formação. Porque se queremos ter futuro no andebol feminino temos que ter atletas de formação na casa. E nós já tínhamos atletas de qualidade. O nosso objetivo era colocar o clube na primeira divisão com atletas de formação. Hoje, 80% da nossa equipa são atletas da formação.
NM: O Santa Joana tem algumas atletas a jogar na seleção. O que é que isso representa para o clube?
SC: É um grande orgulho. Neste momento temos seis jovens atletas nas seleções nacionais e uma delas foi considerada a melhor jogadora num jogo do Europeu do ano passado. Isto diz-nos que os nossos treinadores estão a fazer um bom trabalho e que as atletas gostam de aqui estar. Isto porque, se vão à seleção e continuam por cá é porque nós lhes damos condições para elas evoluírem. Eu já vejo atletas de outros clubes a dizer que querem treinar no Santa Joana porque temos grande qualidade na formação.
NM: Começam a ser até uma escolha mesmo para atletas de outros clubes.
SC: Essa é a terceira fase. A primeira fase é reter, a segunda fase é garantir que as atletas estão contentes e a terceira fase, quase de forma natural, é que as atletas de fora comecem a querer vir para cá. E já tem acontecido. Se conseguirmos ficar na primeira divisão e manter atletas na Seleção Nacional, mais atletas vão querer vir.
NM: E agora conseguem voltar à primeira divisão. Qual é a sensação de lá ter chegado?
SC: É olhar para trás e perceber que estamos a fazer as coisas bem-feitas. Para nós é um orgulho enorme, significa o dever comprido de uma etapa. É o dever cumprido com a entidade que mais nos ajuda, que é a Camara Municipal da Maia. Sem o município nada disto acontecia, e é preciso saber agradecer.
NM: É fácil permanecer na primeira? Acredito que seja preciso investimento.
SC: Esse ponto é fundamental. No primeiro ano que cá chegamos, houve quem dissesse que nós devíamos apostar na subida. Mas para nós era preciso primeiro consolidar financeiramente o clube. Quando cá chegamos só tínhamos dividas. E um orçamento da primeira divisão não tem nada a ver com o orçamento da segunda divisão. Contamos com o apoio da Câmara da Maia e sabemos que não nos vai deixar ficar mal. E vamos à luta para conseguir patrocinadores.
NM: A gestão do pavilhão com outro clube é difícil?
SC: Nós temos um bom entendimento com o São Pedro Fins. Acreditamos que somos bons vizinhos. Cada vez que precisamos, eles cedem-nos o pavilhão e nos cedemos também. Às vezes o mais complicado é mesmo gerir os escalões, principalmente agora com a pandemia. Este ano, por exemplo, conseguimos arrancar com as seniores, as juniores, juvenis, em tempos diferentes como é obvio, mas não conseguimos arrancar ainda com as iniciadas.
NM: Em que é que este clube é especial?
SC: Ao nível técnico e ao nível tático, as equipas trabalham quase todas da mesma forma. As diferenças fazem-se nos pormenores. Ter um fisiologista nesta equipa, é trabalhar cada atleta. Nós quisemos mais que um preparador físico, alguém que conhecesse e olhasse para o atleta como unidade. Temos também uma nutricionista. Todas estas unidades vão fazer a diferença numa altura decisiva. Ganhar é um hábito, e se nos habituarmos a ganhar vai ser mais fácil.
NM: Qual é o objetivo agora para esta equipa que subiu à primeira divisão?
SC: Manter-se na primeira divisão. Nós fizemos aqui uma aposta. Vamos apostar no número sete. São catorze equipas e nós queremos ficar no meio da tabela. Temos que colocar aqui alguma ambição.