A 8 de Setembro de 1504, Florença viu a grandiosa estátua de David, da autoria de Michelangelo, ser exposta ao público na Piazza della Signoria. Esta obra-prima do Renascimento, esculpida entre 1501 e 1504, foi feita em mármore e atinge uns impressionantes 5,17 metros de altura. A figura escolhida foi David, uma personagem bíblica frequentemente retratada na arte florentina.
Originalmente, a intenção era que o David adornasse a parte exterior da Catedral de Florença. Contudo, rapidamente se tornou um símbolo da defesa das liberdades republicanas de Florença, uma cidade frequentemente ameaçada por forças externas e pela poderosa família Médici.
Em 1873, a autêntica escultura foi relocada para o Museu da Academia em Florença, sendo o seu lugar original preenchido por uma réplica. Num episódio curioso em 2010, colocou-se temporariamente uma réplica no topo da Catedral. Por esta altura, surgiu também uma contenda entre o governo italiano e a cidade de Florença acerca da propriedade da escultura.
Michelangelo foi contratado para completar a obra em dois anos, recebendo um salário fixo. Se a obra agradasse aos seus mecenas, ele teria um pagamento adicional. Demonstrando a sua mestria, finalizou a obra antes do prazo estipulado. O transporte da estátua do atelier de Michelangelo para a praça foi uma verdadeira epopeia. Inclusivamente, uma parede teve de ser derrubada para permitir a passagem da estátua. Esta operação durou quatro dias e necessitou do esforço de 40 homens.
Em contraste com outras representações da época, Michelangelo decidiu apresentar David no momento prévio ao confronto com Golias, apenas com a sua funda – a arma com a qual iria derrotar o gigante. Em vez de um jovem vitorioso, Michelangelo apresenta-nos um David pensativo e tenso, claramente focado na iminente batalha. A meticulosa anatomia e expressão da estátua revelam o conhecimento profundo que Michelangelo tinha do corpo humano e a sua capacidade singular de transmitir emoção através da pedra.