Caro leitor,
No inicio da semana em curso deslocava-me de comboio para Coimbra quando, ao meu lado e, em tom de voz elevado, conversavam dois jovens estudantes na casa dos 24 a 25 anos sobre uma terceira pessoa que os tinha prejudicado a ambos durante as praxes académicas dos anos lectivos anteriores.
Esta breve situação recordou-me algo semelhante que me aconteceu muito recentemente sobre alguém que eu estimava em absoluto pelas suas capacidades mentais e oratórias considerando-o meu amigo mas, no final descobri que, mais uma vez, enganei-me. Realmente a espécie humana alberga um razoável número de cavalgaduras, bem mais do que as seriam necessárias. Mas, tenho de entender que não somos todos iguais …
Todos nós já fomos confortados com as seguintes afirmações:
“- Às vezes penso que só eu é que estou certo!”
“ – Ele (a) mais parece uma lesma!”
“- Não adianta falar ou explicar – o Homem não entende o que eu quero dizer!”
“ – Alguém me pode explicar como pode ele(a) pensar dessa maneira?”
“ – Como pode ele(a) gostar disso?!”
Estas e outras afirmações semelhantes fazem parte do nosso quotidiano. Não é fácil reconhecer e aceitar a “diversidade Humana”. Homens e mulheres são diferentes, pensam e agem de maneira diferente. Os jovens e os adultos são diferentes, pensam de forma diferente e agem de maneira, também, diferente. Os profissionais do mesmo ramo de actividade pensam da mesma maneira pois o objectivo é comum mas executam as tarefas diferente uns dos outros. A verdade é que todas as pessoas são diferentes, tem desejos díspares, objectivos divergentes e caminhos traçados sem “troncos comuns” e isso é simplesmente irritante e, por vezes, inaceitável para pessoas egocêntricas.
As pessoas têm base genética diferente. Formação e educação diferentes, histórias de vida diferentes, cresceram e desenvolverem-se em meios ambientes distintos. Por muito que seja difícil para nós entendermos, a realidade é que os “modelos” sobre os quais construímos os nossos conceitos de “certo e errado” também foram diferentes para cada individuo.
Os próprios conceitos de ética e moral podem ser um pouco diferentes de pessoa para pessoa. Umas mais rígidas outras mais “relativas”. O facto é que não existem duas pessoas iguais.
Assim sendo, temos de aprender a conviver, respeitar e até utilizar para a nossa vida – pessoal e profissional – as diferenças individuais. Uns têm mais “senso de rapidez” e executam as tarefas com celeridade, outros mais introspectivos, pensam mais, meditam, são mais cautelosos. Uns não têm medo de reclamar, “pedinchar”, exigir os seus direitos e, até lutar. Falam com quem têm de falar para conseguirem algo. Outros são mais introvertidos, tímidos, não têm a coragem necessária ou sentem-se ridículos ao reclamarem os seus direitos ou exigirem algum benefício pessoal. Os primeiros acharam os segundos uns “palermas”, estes dizem que os primeiros são uns “mal-educados”, egoístas, espaçosos … enfim!!
Na condução rodoviária todos os condutores que vão mais devagar à nossa frente são uns “molengões”, em contrapartida, todos os que nos ultrapassam são uns “loucos varridos” e irresponsáveis.
É a diversidade humana na sua plenitude. Talvez a riqueza da sociedade esteja justamente na diferença entre as pessoas e, essa diferença, poderá ser o “sal” e a “pimenta” da vida. É assim nas empresas, na vida pessoal … é melhor fazermos um esforço para respeitar as pessoas pelas suas diferenças.
Mas é difícil, realmente muito difícil, quando alguém comete sobre nós actos de injustiça, deslealdade, malvadeza, sentimentos maquiavélicos… é complicado mantermo-nos impunes.
Abraço amigo
Francisco Martins da Silva
Engenheiro e Professor do Ensino Superior